Os aneurismas viscerais são dilatações anormais das artérias que irrigam órgãos abdominais e, embora raros, representam um risco significativo de complicações graves, como ruptura e hemorragia interna. Com o avanço das técnicas diagnósticas e terapêuticas, a abordagem para esses aneurismas evoluiu consideravelmente, tornando o tratamento endovascular a opção preferida em muitos casos.
Os aneurismas arteriais são definidos como dilatações vasculares que excedem 50% do diâmetro normal esperado. Nos aneurismas viscerais, essa definição pode variar conforme a artéria envolvida.
Embora pouco frequentes, os aneurismas viscerais apresentam taxas de ruptura elevadas e mortalidade significativa. A artéria esplênica é a mais acometida, representando cerca de 50 a 60% dos casos, seguida pelas artérias renais, hepáticas e mesentérica superior. O tronco celíaco e outras artérias são afetadas com menor frequência.
Além disso, há uma forte correlação entre aneurismas viscerais e a presença de aneurismas em outras localizações, como aorta e artérias periféricas. A literatura indica que até 30% dos pacientes com aneurismas viscerais apresentam aneurismas em outras partes do corpo, o que torna a triagem essencial.
Os aneurismas viscerais podem ser classificados em dois tipos principais:
Independentemente da morfologia, todos os aneurismas verdadeiros comprometem as três camadas da parede arterial (íntima, média e adventícia). Um aspecto crucial no diagnóstico diferencial é a distinção entre aneurismas verdadeiros e pseudoaneurismas, que resultam de traumas, infecções ou intervenções cirúrgicas e endovasculares.
Os aneurismas viscerais podem ter origens diversas. Entre as principais causas estão:
Durante muito tempo, acreditou-se que aneurismas com calcificação parietal eram menos propensos à ruptura. No entanto, estudos recentes desmentiram essa ideia, mostrando que aneurismas calcificados apresentam risco semelhante aos não calcificados.
A maioria dos aneurismas viscerais é assintomática e diagnosticada incidentalmente em exames de imagem solicitados por outros motivos, como ultrassonografia para investigação de cálculos renais.
Nos casos sintomáticos, a dor abdominal é a manifestação mais comum, geralmente indicando expansão ou ruptura iminente. Em gestantes, a taxa de ruptura aumenta no terceiro trimestre, com alta mortalidade materno-fetal.
A ruptura pode ser retroperitoneal ou intraperitoneal, sendo esta última mais grave. Em alguns casos, ocorre o fenômeno da ruptura em dois tempos, no qual o sangramento inicial é contido no retroperitônio, estabilizando temporariamente o paciente. Quando o hematoma rompe para a cavidade peritoneal, ocorre um choque hemorrágico abrupto.
O exame físico raramente contribui para o diagnóstico, pois a palpação geralmente não detecta aneurismas viscerais.
A escolha do exame de imagem depende do contexto clínico:
O manejo dos aneurismas viscerais varia conforme suas características morfológicas e o risco de ruptura.
O tratamento pode ser cirúrgico ou endovascular, sendo o segundo preferido na maioria dos casos. As opções incluem:
A escolha do procedimento depende da localização do aneurisma, anatomia vascular e experiência da equipe médica.