Tratamento cirúrgico da doença aorto ilíaca

SUMÁRIO

Introdução

Pacientes com lesões aortoilíacas causadas por aterosclerose podem ser classificados em três tipos:

  • Tipo I: Lesões restritas à aorta e às artérias ilíacas comuns. Esses pacientes geralmente apresentam claudicação intermitente de diferentes intensidades, sendo a isquemia grave rara e ocorrendo apenas em casos de ateroembolismo nas artérias das pernas. Esse tipo afeta principalmente adultos jovens com dislipidemia e poucas doenças associadas.

  • Tipo II: Lesões limitadas ao abdome, mas que se estendem até as ilíacas externas. Nesse caso, a claudicação ocorre em distâncias mais curtas.

  • Tipo III: Lesões mais difusas, envolvendo também o segmento infrainguinal. Afeta principalmente idosos, com alta prevalência de fatores de risco para aterosclerose e outras doenças associadas. Esse grupo representa a maioria dos candidatos à cirurgia.

A placa aterosclerótica tende a se desenvolver mais na parede posterior da aorta. Sua remoção facilita a anastomose proximal entre a aorta e próteses sintéticas. Quando há necessidade de pinçamento acima dos rins, é fundamental evitar o ateroembolismo renal.

A isquemia leva ao crescimento lento e progressivo da circulação colateral, que ocorre por meio de conexões entre:

  • Mesentérica superior, mesentérica inferior e ilíacas internas;
  • Intercostais/lombares, ilíaca interna e circunflexa ilíaca;
  • Mesentérica inferior e ilíaca interna;
  • Ilíaca interna e femoral profunda.

 

Nos casos de claudicação para curtas distâncias, dor em repouso ou risco de perda do membro, deve-se considerar a possível perda dessa circulação colateral, especialmente em pacientes do Tipo III, que apresentam doença associada no segmento infrainguinal. A piora súbita, na maioria dos casos, resulta da trombose de uma estenose prévia.

Indicações para Tratamento Cirúrgico

A indicação clássica é para pacientes com risco iminente de perda do membro, caracterizado por dor em repouso, com ou sem lesões tróficas. No entanto, os excelentes resultados de longo prazo da cirurgia ampliaram as indicações para incluir pacientes com claudicação incapacitante ou impotência vascular de origem vasculogênica, especialmente em indivíduos jovens com baixo risco cirúrgico.

 

Bypass Aortobifemoral

É a técnica mais utilizada para revascularização aortoilíaca.

  • Incisão: Xifopúbica.
  • Acesso: Transperitoneal, sem necessidade de ligadura lombar.
  • Técnica: A aorta é exposta em sua porção anterior e lateral até a veia renal esquerda. Essa exposição deve ser feita longitudinalmente e à direita da aorta para evitar lesões no plexo nervoso pré-aórtico, minimizando o risco de disfunção sexual no pós-operatório. A dissecção da aorta deve ser suficiente para permitir o pinçamento arterial na região infrarrenal.

Endarterectomia Aortoilíaca

Essa técnica está sendo progressivamente abandonada devido a várias desvantagens:

  • Exige dissecção extensa dos vasos, tornando-se um procedimento mais trabalhoso;
  • Maior risco de danos aos plexos nervosos periarteriais;
  • Tempo cirúrgico prolongado;
  • Aumento da perda sanguínea;
  • Maior taxa de complicações no pós-operatório imediato;
  • Menor taxa de sucesso a longo prazo.

Bypass Iliofemoral

Indicado quando a revascularização é necessária apenas em um dos membros.

  • Incisão: São feitas duas incisões. A primeira é oblíqua, quase paralela ao ligamento inguinal, para acesso retroperitoneal. A segunda é uma inguinotomia longitudinal.
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