Moreda, Nathalia Santana; Almeida, Henrique Alves De; Grillo, Vinicius Tadeu Ramos Da Silva; Resumo A membrana carotídea (MC) é uma condição rara e pouco compreendida associada a acidente vascular isquêmico (AVCi) criptogênico e recorrente em pacientes jovens sem fatores de risco ateroscleróticos. Descrevemos o caso de uma paciente do sexo feminino, com 58 anos, hipertensa, dislipidêmica e com quadro de AVCis há 5 anos. A presença de MC foi sugerida pela ultrassonografia Doppler e confirmada pela angiografia por subtração digital. A paciente foi submetida a endarterectomia e, devido ao refluxo satisfatório da carótida interna, optou-se por não utilizar shunt vascular temporário. Procedeu-se com a endarterectomia e arteriorrafia com patch de pericárdio bovino. Embora a MC possa ser visualizada por meio de exames de imagem, sua detecção pode ser desafiadora, podendo mimetizar outras condições, como dissecção arterial, placa aterosclerótica não calcificada e trombo intraluminal. A facilidade com que a MC pode passar despercebida ou ser mal diagnosticada ressalta a necessidade da compreensão desta doença.
Belai, Poliana Mazuchini; Assis, Zaira Cristina Barbosa; Vieira, Thiago Felipe De Moraes; Vieira, Gislaine Dos Santos Rodrigues; Almeida, Henrique Alves De; Lopes, Thiago Vaz; Silva Junior, João Da; Grillo, Vinicius Tadeu Ramos Da Silva; Resumo Pseudoaneurismas arteriais traumáticos de apresentação subaguda que envolvem as artérias infrageniculares são raramente abordados na literatura, devido à sua tendência de serem assintomáticos ou manifestarem sintomas clinicamente sutis em estágios tardios. Descrevemos o caso de uma paciente de 25 anos, com lesão perfurante no membro inferior provocada por estilhaço de vidro, que, após 2 semanas, apresentou dor e edema no membro, levando à suspeita de trombose venosa profunda. A ultrassonografia com Doppler venoso descartou a hipótese de trombose, porém revelou uma imagem com ecogenicidade heterogênea na parede anterior do terço médio da artéria tibial anterior, com fluxo em seu interior, sugerindo pseudoaneurisma. Optou-se por tratamento cirúrgico convencional e, após controle proximal e distal da artéria, procedeu-se à drenagem do hematoma local e à arteriorrafia primária da lesão puntiforme. O pseudoaneurisma das artérias infrapatelares, embora raro, destaca-se como uma entidade clínica desafiadora que requer diagnóstico precoce.
Gunawardena, Thilina; Abstract Aneurysms of arteries of the hand are rarely encountered. Literature reports such aneurysms in the distal ulnar artery, the palmar artery, and the digital arteries. Most are false aneurysms involving trauma-induced defects of the vessel wall. True aneurysms with intact intimal, medial, and adventitial layers of the arterial wall are more unusual. In this case report, we present a 77-year-old previously healthy lady who was diagnosed with a true aneurysm of a common digital artery when she presented with a pulsatile lump over her left palm.
Rocha, Andressa Pereira; Sanchez, João Gabriel; Resumo A associação entre a covid-19 e distúrbios de coagulação é discutida desde o início da pandemia, de modo que, passados 4 anos, é importante sistematizar as descobertas e evidências encontradas até o momento. O objetivo do estudo foi revisar e sintetizar as evidências científicas disponíveis sobre a relação entre a covid-19 e o desenvolvimento de tromboembolismo venoso. Foi realizada uma revisão sistemática rápida, com a busca conduzida em duas bases de dados eletrônicas, e incluídos artigos de revisão sistemática que avaliaram a associação entre a covid-19 e o desenvolvimento de tromboembolismo venoso, como trombose venosa profunda ou embolia pulmonar. Os estudos apontaram que pacientes hospitalizados por covid-19 apresentam maior risco de desenvolver tromboembolismo venoso, especialmente os internados em unidade de terapia intensiva. Valores de Dímero D elevado e o sexo masculino também foram associados a maiores riscos.
Maués Filho, José Júlio Bechir; Britto, Karen Falcão; Rocha, Sara Oliveira; Resumo Os filtros de veia cava fazem parte do arsenal terapêutico para o tratamento da trombose venosa profunda (TVP) e da embolia pulmonar. Mesmo com vasta literatura a respeito do uso desses dispositivos, ainda não existe evidência confiável de que melhorem os resultados clínicos e a mortalidade em pacientes com TVP. Além disso, são crescentes os relatos de complicações associadas ao uso indiscriminado dos filtros de veia cava, podendo chegar a cerca de 19%, incluindo penetração na parede da veia, acometimento de órgão vizinho, fratura, embolização de fragmento do filtro e TVP. Descrevemos a retirada bem-sucedida de um filtro de veia cava após 4 anos de implante, associado a trombose de veia cava inferior. O procedimento foi realizado com materiais do dia a dia da cirurgia endovascular.
Amato, Alexandre Campos Moraes; Peclat, Ana Paula Rolim Maia; Kikuchi, Rodrigo; Souza, Antonio Carlos De; Silva, Mariana Thalyta Bertolin; Oliveira, Roney Hans Prager De; Benitti, Daniel Augusto; Oliveira, Julio Cesar Peclat De; Resumo O lipedema, historicamente sub-reconhecido, tem ganhado destaque devido aos avanços na pesquisa e ao aumento da conscientização. O Consenso Brasileiro de Lipedema, promovido pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, visa estabelecer diretrizes claras para diagnóstico, tratamento e manejo. Utilizando a metodologia Delphi, o estudo envolveu a criação de 90 afirmações sobre lipedema por especialistas, seguida pela avaliação de 113 profissionais adicionais. Essas afirmações foram analisadas via SurveyMonkey, com um limiar de 75% de concordância necessário para sua inclusão no consenso. A maioria das afirmações atingiu um consenso significativo, exceto nove, que precisam de mais pesquisa. O estudo enfatiza a complexidade do lipedema, a eficácia do tratamento conservador sobre a cirurgia, a necessidade de abordagens multidisciplinares e a importância da conscientização para reduzir o subdiagnóstico e o estigma. Ressalta-se também a contínua necessidade de pesquisas para desenvolver estratégias de manejo mais efetivas.
Duarte, Fabricio; Castanhel, Flavia Del; Figueiredo, Marcondes Antônio De Medeiros; Oliveira Filho, Getúlio Rodrigues De; Resumo Contexto Apesar dos estudos, a definição do regime de compressão ideal após a ablação da veia safena magna por radiofrequência e por endolaser ainda é controversa. Objetivo Identificar as práticas atuais de terapia compressiva após a ablação da veia safena magna entre os membros da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Métodos Um questionário eletrônico de múltipla escolha sobre a compressão pós-ablação endovenosa foi desenvolvido e divulgado on-line aos cirurgiões vasculares brasileiros por 60 dias. Resultados Das 430 respostas obtidas, 362 (84,2%) foram consideradas válidas. A ablação a laser foi a técnica predominante (73,5%), sendo a sua maioria realizada em hospital ou hospital-dia. Além disso, 94% dos cirurgiões tratavam as varizes associadas no mesmo procedimento, sendo a flebectomia a técnica mais comumente empregada. Após a ablação da veia safena magna, 99% dos cirurgiões aplicaram compressão imediatamente; 34,3% indicaram o uso de meias de 35 mmHg; 26% deram preferência a ataduras de crepom; e 12,4% optaram pelo uso de meias de 20-30 mmHg, com média de uso de 2,79 (±2 dias). Após esse período, 88,4% utilizaram compressão adicional, com meias de 20-30 mmHg (80,9%), com média de uso de 39,3 (±24,0 dias). Conclusões A terapia compressiva é amplamente adotada após a ablação térmica da veia safena magna. Observa-se diversidade na prática imediatamente após a ablação, mas após uma fase inicial, a maioria dos cirurgiões opta por compressão adicional com predominância de meias de 20-30 mmHg.
Gomes, Ricardo Zanetti; Salina, Matheus Von Jelita; Pironatto, Vitor Hugo Moro; Lepinski, Julia Kapp; Gueiber, Tiago Daniel; Juliatto, Beatriz Moreira Salles; Prestes, Milena Zadra; Martins, Camila Marinelli; ABSTRACT The COVID-19 pandemic affected millions of people worldwide. In addition to respiratory impairment, this viral infection can also provoke gastrointestinal symptoms caused by vascular disorders, such as portal-splenic-mesenteric venous thrombosis (PSMVT). This systematic review aimed to investigate the profile of patients who developed PSMVT concomitant with or after viral infection and its predominant outcomes. The database searches returned 214 articles. Of these, 40 case reports were included in the review, presenting a total of 41 cases of PSMVT addressed. Males were more prevalent (n=27; 65.85%), mean age was 51.54 years, and 19.57% had a previous history of endocrine diseases. Statistically significant relationships (p<0.05) were found between patient death and tachypnea at hospital admission (p=0.043) and between patient death and age (p=0.019). It was therefore possible to identify the main profiles and risk factors for PSMVT development and mortality of COVID-19 infected patients.
Buril, Gabriela De Oliveira; Carvalho, Joseph Monteiro De; Nunes-Nogueira, Vânia Dos Santos; Resumo A habilidade técnica é um dos mais importantes componentes da competência cirúrgica, devendo ser bem aprendida e desenvolvida durante as residências cirúrgicas. Entretanto, a quantificação da habilidade cirúrgica ainda possui poucos instrumentos de julgamento diretos, valendo-se, na maioria dos centros, da observação subjetiva dos preceptores. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de escopo sobre os instrumentos de avaliação das habilidades cirúrgicas existentes para avaliar a realização de uma anastomose vascular por residentes de cirurgia vascular. Uma revisão foi realizada utilizando os seguintes descritores: “educational measurement”, “vascular surgery” e “internship and residency”. Inicialmente, foram encontrados 616 artigos. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, foram incluídos apenas quatro estudos nesta revisão, sendo apenas um desses brasileiro. Três estudos utilizaram o Objective Structured Assessment of Technical Skill (OSATS) para a avaliação dos residentes, entretanto, todos utilizaram uma lista de verificação separada e diversa associada para realizar o julgamento das habilidades específicas relacionadas à confecção de anastomoses. O adequado julgamento e a precisa devolutiva durante a formação do residente são de extrema importância para a formação desse. Quando se promove uma devolutiva sistematizada e objetiva, permite-se que erros sejam corrigidos e habilidades sejam lapidadas. Como não há um instrumento de avaliação de habilidades cirúrgicas para a confecção de anastomose, após esta revisão, foi sugerido um instrumento de gradação focado nessa importante habilidade que precisa ser adquirida pelo residente de cirurgia vascular. Para tanto, foi utilizado um compilado dos instrumentos utilizados e sugerida uma lista de verificação para ser utilizada num ambiente real.
Faria, Valéria Cristina De; Fernandes, Juliana Simões De Alencar; Cunha, Tulio Ericles De Oliveira; Pussieldi, Guilherme De Azambuja; Pereira, Danielle Aparecida Gomes; Abstract Background Early recognition of peripheral tissue perfusion deficits can minimize secondary complications of peripheral arterial disease in individuals with diabetes. Objectives To compare parameters of peripheral tissue perfusion in the leg at rest and during and after progressive effort between non-diabetics and individuals with type 2 diabetes and normal ankle brachial index values, as well as to evaluate the factors associated with peripheral tissue perfusion in the leg in individuals with type 2 diabetes during progressive effort. Methods This cross-sectional study included 31 individuals with type 2 diabetes and 31 non-diabetics. Anthropometric measurements and physical activity levels were assessed in all individuals. Peripheral tissue perfusion was analyzed using near-infrared spectroscopy during an arterial occlusion maneuver and the Incremental Shuttle Walking Test. Results During progressive effort, the tissue oxygen saturation level was lower in the type 2 diabetes group (type 2 diabetes, 58.74 [56.27–61.74] than the non-diabetic group, 62.15 [59.09–66.49]; p = 0.005). There were significant correlations between tissue oxygen saturation during progressive effort and physical activity level (p < 0.0001; r = -0.681), total body fat percentage (p = 0.001; r = 0.590), segmental body fat percentage (p < 0.0001; r = 0.616), total skeletal muscle mass (p < 0.0001; r = -0.628), and segmental skeletal muscle mass (p = 0.001; r = -0.592). Conclusions Individuals with type 2 diabetes and normal ankle-brachial index values had worse tissue perfusion during progressive effort than non-diabetics, and there was an association between perfusion, physical activity level, and body composition in the type 2 diabetes group.